
Insatisfação pessoal, desilusão, tristeza com algum fato ou perda. Não acredito nisso, tudo o que temos e passamos são conseqüências de atos ou fatos. Não podemos controlá-los, é certo, mas podemos ver, aprender, sentir. Os poetas se dão ao luxo de traduzir em palavras o sentimento, seu ou alheio.
Os pintores sempre criaram desde o primórdio da civilização uma impressão do cotidiano, do visto, do imaginado, traduziram em imagem as palavras e sentimentos. Os escultores o mesmo fazem, os construtores por que não, traduzem em sólidos o imaginário de um criador, de um projeto, que veio carregado de sentimentos e de exatidão, nas linhas e ângulos exprimiram o que viam em necessidade e grandiosidade.
Musica exprime também de tal forma o sentimento dita, até, regras de pontuação de métricas, os compassos e a harmonia. Consegue a musica elevar o pensamento em busca de sonhos, em um andar em paralelo com a vida, consegue exprimir o sentimento de alguém que aprendeu, e mostrar o caminho a quem quer o aprendizado.
Porque então não podemos imitar as mais variadas formas de expressão?
Porque não podemos usar o sentimento, o invisível, o imaginado ou ainda o criado?
Devemos por que motivo cercear o nosso caminhar por uma regra, por um modismo, por uma necessidade alheia? Ao invés disso deveríamos libertar a imaginação, desdenhar dos grilhões de costumes e modismos, ignorar o que se acha por outros a nosso respeito. Quem disse que todos devem ser quadrados ou redondos, finos ou grossos, pretos ou brancos, e não coloridos ou disformes.
O que impede o ser humano de verter suas lágrimas quando bem entender?
O que impede nossa evoluída raça de aprender ao ver um sorriso, aprender a sorrir, a admirar, a respeitar, o que impede tão evoluído ser de divertir-se ao ver um caminho bem trilhado por outro e, ao mesmo tempo analisar se este caminho poderia servir-lhe de exemplo
Não, eu não vivo na época errada, eu não me sento ou ando pelo caminho incerto, quem diz o que está no lugar certo, senão eu?
Começamos uma nova era a cada passo, começamos uma nova jornada a cada despertar. A cada abrir de olhos, podemos ver um mundo novo, um sorriso novo, a cada sensação que vivemos podemos criar nosso caminho, basta olhar, sentir, pensar, falar, aprender e viver.
Cabe a cada um de nós acolher o sentimento alheio, cabe a mim escolher o que me conduz, a verdade dita, ou a expressão do sentimento mais íntimo. Comecemos a cada dia um novo despertar.
Aprendamos não só com os erros, mas tomemos com os acertos os pontos de partida, olhando ao lado para não cairmos no abismo da indiferença aos fatos.
Não eu não vivo na época errada, em minha mente ainda cabe um sonho que terei, na minha alma ainda existe espaço para mais um lugar, em meu dia ainda existe um minuto para o fugaz.
Texto de *Alfredo Gonçalves Boscato
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